Monday, April 14, 2008

13 de Abril de 2008 – 00:52

Me sinto velho, e pode acreditar que é uma merda de sentir velho aos 18 anos. Acho que é porque não me sinto velho fisicamente, mas me sinto velho espiritualmente. Que grande merda eu estou falando, nem sei ao menos como é ter qualquer idade espiritualmente, quanto mais ser velho assim. Talvez eu viva em um mundo da imaginação ridículo onde minha cabeça inventa situações e outras porcarias do tipo. Estou com saudade de casa, mas sei que se voltar pra lá vou me sentir infeliz e querer ir pra algum lugar que não sei onde. Gostaria de saber que lugar é esse que eu tanto desejo estar. Parece que por mais que eu procure eu nunca vou achar um lugar para mim. A dramaticidade é outra coleira que eu não consigo soltar. Que lixo. Lixo, lixo, lixo. Estou atolado de merda até o pescoço. Mesmo quando as coisas parecem boas aparecem as porcarias pra cuspir em minha cara e me mostrar como eu sou ridículo. Ás vezes tenho a impressão de que seria ótimo se todos sumissem da minha frente por algum tempo, mas depois penso que eu mesmo devia sumir da minha frente, e isso é impossível. Textos de merda, escritos uns atrás dos outros. Venho aqui e vomito essas palavras horríveis nessas porcarias. Inundo as páginas brancas com meu lixo tóxico. Tenho vergonha de mim mesmo, para mim mesmo. Digo isso porque escrevo isso só pra mim e só quem lê sou eu mesmo. Se eu pudesse dizer alguma coisa para mim mesmo (e acho que posso fazer isso) diria que sou um merda e imploraria para que eu parasse de escrever e parir mais textos de merda no mundo. Vá beber, jogar baralho, foder, andar, dormir, ou fazer qualquer outra coisa menos escrever. Mas o outro eu responde como o filho da puta que ele é que não pode fazer outra coisa. Que nasceu para escrever e que acha que tem talento e bla bla bla. Os dois eus ficam brigando. Dois babacas, pensa o terceiro eu. Na verdade ainda não sei quem é esse terceiro eu. Talvez seja um meio-termo entre o eu que se acha o máximo e o eu que se acha um merda, e talvez seja o pior dos eus. Agora penso que com esse raciocínio eu estou finalmente enlouquecendo, mas acho que ainda é cedo pra isso. Os três eus ainda têm muito a brigar. Quem sabe não aparecem mais dois ou três eus para foder com tudo de uma vez por todas¿ Não vejo mal nisso, juro que não vejo. Seria ótimo. Uma briga de tirar o fôlego. Socos e pontapés pra lá e pra cá. Enforcamentos e voadoras (sempre gostei desses golpes) e outras coisas do tipo. Só acho que seria interessante pedir ao meu eu vencedor que tenha um pouco de dó de mim, o rei dos eus.

12 de Abril de 2008 – 03:07

Pra ser bem sincero, eu não estou escrevendo muito, mas ao mesmo tempo estou escrevendo muito. Essa dualidade se deve ao fato de que talvez eu não estou mais escrevendo para as outras pessoas, estou escrevendo para mim, e isso é realmente ótimo. Agora com meu próprio computador eu tenho meu próprio diário. Estou atualizando ele a cada dois ou três dias e não mantenho nenhuma relação obrigatória com ele. Estou muito feliz com esse meu diário. Ainda não parei para ler as coisas que escrevi até agora. Talvez esse seja um bom momento para fazer isso, mas prefiro não estragar essa sensação prazerosa ao re-ler os textos e achá-los horríveis como acontece freqüentemente com as coisas que eu escrevo e releio. E pra ser sincero eu quase nunca consigo reescrevê-los novamente. Desconfio de alguns motivos para isso. O maior deles talvez seja o fato de que eu tenho medo de apagar as impressões reais e vivas que deixei ali. Por isso por pior que o texto seja me falta coragem para modificá-lo.

Ás vezes tenho uma impressão (pra ser mais sincero um sonho) de que um dia alguém (não só alguém, muitas pessoas no meu sonho) vai ler essas coisas e se identificar e realmente gostar, e quem sabe até mesmo sentir a mesma coisa que eu sinto em relação ao Fante, ao Salinger, ao Buk, ao Burroughs e a outros assim. Muito provavelmente essa seja talvez só mais uma das minhas viagens fantasiosas sobre a minha vida e meu futuro, mas em partes eu gosto de pensar assim. O único problema é que quando caio em si tenho um terrível sentimento de impotência e de inferioridade. Será que todos os escritores também passam ou já passaram por isso¿ É engraçado eu me colocar como um escritor. Geralmente eu nunca faria isso, e acho que só estou fazendo agora porque essa é uma divagação de mim comigo mesmo. Um tanto egocêntrica creio eu, mas não posso negar que me faz bem.

Pra ser bem sincero estou gostando um bocado desse texto. Um bocado não, talvez só um pouco, mas acho que provavelmente eu deva mostrá-lo para alguns poucos amigos e ver a opinião deles. Esse é outro problema bom e ruim. Preciso da opinião dos outros sobre os meus textos para me afirmar. Mesmo quando leio minhas próprias coisas e raramente acho alguma coisa fantástico ao ponto de duvidar por alguns instantes que eu tenha escrito aquilo por mim mesmo eu ainda me importo com o fato de se as outras pessoas vão achar tão bom quanto eu achei. Geralmente elas não acham. Não dizem isso com estas palavras, mas o fato de se omitirem é claro para mim de que o texto não passou de mais umas linhas lidas pra elas e de mais alguns minutos perdidos em suas vidas. As poucas coisas que escrevi que tiveram algumas críticas positivas foram relatos depressivos e textos de sentimentalismo barato. É outra coisa que já tentei me curar, mas depois de um tempo percebi que é impossível parar de sentir. Depois de perceber isso comecei a tentar direcionar meus sentimentos para outras coisas. Não digo outras fontes de expressão, porque escrever é talvez a única coisa que eu gosto de fazer. Se talvez eu tocasse violão provavelmente faria algumas baladas sentimentais do estilo Ryan Adams. Pra falar a verdade eu até arrisco escrever algumas músicas, e então me junto com meu amigo Hermano e fazendo sons com a boca e usando outras músicas relativamente parecidas como comparativo peço para ele ir fazendo a melodia assim e assado até chegarmos num consenso do melhor para a música. Funcionou algumas vezes. Fizemos uma meia dúzia de músicas assim, umas duas ou três realmente boas eu acho.

Também queria entender o fato de eu me apaixonar e desapaixonar tão fácil das garotas em geral. Tem dias em que penso em determinada garota com grande freqüência e intensidade mas dois ou três dias depois é como se um encanto houvesse passado e ela fosse como todas as outras. Já me peguei ficando apaixonado por garotas que vejo na rua e que nunca mais verei novamente, ou até mesmo por garotas que vejo com freqüência e nunca tinha pensado algo a mais até aquele momento. E depois passa. E outras vêm. E tudo continua a mesma coisa, na grande maioria das vezes (acredite, a grande maioria mesmo) eu nem ficando com elas e nem falando sobre o que sinto ou deixando transparecer. É como se guardasse aquilo para mim, com medo de machucar a mim e aos outros. E cá estou eu falando de sentimentos outra vez, que babaquice. Poderia falar sobre tantas coisas em meus textinhos vagabundos, mas sempre que vejo me pego no flagra falando sobre sentimentos e sobre minha opinião sobre isso ou aquilo. É um tanto egocêntrico, muito egocêntrico pra falar a verdade, mas não me sinto tão culpado por isso. Não vejo muita graça em escrever sobre outras pessoas, embora acredite que existem motivos em que isso é muito prazeroso e bem vindo. Creio que a maioria dos escritores escreve sobre si mesmo e para si mesmo, e aqueles que não fazem isso tornam-se gigolôs da literatura, vendendo seu talento com as palavras para romantizar histórias de quem pagar mais. Se bem que pensando nisso agora vejo que o jornalismo talvez seja a maior dessas prostituições, e pasmem, eu fazendo essas críticas e estudando jornalismo. Acho que o melhor mesmo seria não julgar ninguém como eu costumo fazer, e o que me faz melhor. Não creio que toda forma de julgamento alheia seja necessariamente maldosa. Acho muitas pessoas realmente chatas, a grande maioria na verdade, mas não me importo em destratá-las ou qualquer coisa assim. Só tento com o máximo de dedicação ficar o mais afastado possível delas para que elas não me chateiem ainda mais. Infelizmente isso é impossível. Em qualquer lugar que vou tem sempre alguém que me chateia bastante. Tento pensar que isso é só a vida como ela é. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer tempo da história.

12 de Abril de 2008 - 03:02

Estou no meu quarto de pensão, ouvindo o Rock N’ Roll do Ryan Adams e fumando um cigarro e posso garantir que essa é a melhor coisa que eu poderia estar fazendo nessa madrugada de sexta. I’m as lonely as boys, who as lonely for girls. Ontem na porta do show dos Dolls eu e os caras estávamos comentado e alguns de nós afirmaram que Ryan é seu maior ídolo vivo. Eu não tenho dúvidas disso. Tirando o Thunders e o Fante ele talvez seja meu maior ídolo. Não sei muito bem dessas coisas de ídolos. Eles estão lá como santos em meu altar mas nunca se sabe como eles são realmente. Eu estou ali admirando o artista e crendo que a pessoa também seja da mesma genialidade, coisa que eu talvez jamais venha a saber. No caso do Fante e do Thunders nunca vou saber mesmo. É um tanto estranho. Penso nos caras diariamente na minha vida. Estabeleci uma relação de cumplicidade e amor com eles e nunca sei como seria do outro lado. Deve ser um bocado duro esse negócio de ser um artista talentoso. Pelo menos nisso eu tive sorte de ser um escritor de merda. Pelo menos por enquanto.

9 de Abril de 2008 – 23:02

A Avenida Paulista está em obras, e você pode imaginar como fica a avenida mais movimentada do país quando suas calçadas estão em obras. Para o tráfego dos pedestres eles deixaram pequenos espaços isolados com fitas entre as calçadas e as caminhadas por ali ficaram muito mais demoradas. Confirmei isso hoje quando fui da minha casa aqui na altura da Joaquim Eugênio de Lima até a Augusta para comprar o ingresso do show dos New York dolls para um amigo. Se o trânsito em São Paulo sempre foi caótico, agora os pedestres também podem sentir isso na pele. O pior de tudo não são nem as obras, que desconfiadamente eu sei que são para o bem da cidade, mas sim a velocidade de pessoas que impõe seu ritmo lerdo de andar e fazem com que em algumas horas você simplesmente arraste os pés e ande a 2 km por hora como se estivesse em uma passeata ou coisa parecida. A maioria das pessoas tem pressa. São Paulo não para. Todos têm sempre que fazer alguma coisa. Eu sou uma exceção. Salvo alguns trabalhos da faculdade e coisas tipo o que fui fazer hoje eu levo uma vidinha bem tranqüila na Paulicéia, mas isso não significa que eu não queira chegar rápido aos meus destinos. Eu sempre andei rápido e pretendo continuar assim. Já estou um pouco acostumado com passos largos e velozes e freqüentemente quando estou caminhando com algumas pessoas elas me pedem para que eu diminua a velocidade.

9 de Abril de 2008 – 23:01

Salvo as bitucas de cigarro estou indo muito bem na minha política de não jogar lixo na rua. Nisso incluem-se os papéis de bala e notas fiscais de qualquer coisa que eu vivo achando nos meus bolsos quando chego em casa.

05 de Abril de 2008 – 01:50

Well there’s a little bit of whore in every little girl. Puta que pariu. Puta que pariu. Se algum dia nascer alguém igual Johnny Thunders me avisem porque eu provavelmente já vou estar debaixo da terra. Eu tava há um tempo sem esse cara nos meus, e continuo estando praticamente sem, porque desde que mudei aqui pra São Paulo pro meu quartinho de pensão que vive quente (mesmo que o tempo lá fora esteja bem frio, como hoje, talvez por causa do cigarro) eu estou só com umas pouquíssimas músicas e felizmente um amigo me passou algumas pela internet e little bit of whore que sempre foi uma das minhas preferidas foi uma delas. Agora to ouvindo Let Go e puta que pariu mais uma vez. Eu dispenso comentários pra alguém assim. Por mais que eu tente eu não vou lembrar da primeira vez que eu ouvi thunders, mas eu lembro que ao longo da minha adolescência (que eu acho que ainda não acabou, afinal, tenho 18 anos e em inglês ainda é eighteen) esse cara mexeu comigo de uma forma incrivelmente espetacular. Algumas minas passaram pela minha vida com ajuda ou influência dele, uma delas marcou, mas eu não me importo mesmo porque agora eu estou aqui e começo a pensar que com algo no estomago, alguns cigarros, uma garrafa de vinho, um bom filme (como o que eu vi hoje, o clássico singing in the rain) e Johnny Thunders pra ouvir eu estarei realmente FELIZ mesmo, pra caralho, de modo que eu não sei explica e só queria vestir minha camisa do LAMF e colocar um chapéu e abrir meu guarda-chuva e ficar aqui deitado na minha cama de cuecas e pedir que alguém tirasse umas fotos assim, com minha garrafa de vinho ainda inteira ou pela metade ou com quantidade suficiente pra dar uns goles e dar uns tragos no cigarro e uou! É isso aí.

Friday, April 04, 2008

Distribuição de heinekem de graça na frente da faculdade. Agora eu acredito em Deus!

04 de Abril de 2008 – 06:15

Dia desses fui a casa de uma amiga escritora e ela me perguntou se eu andava escrevendo. Eu disse que sim e que não conseguia viver sem escrever. – Consegue sim. Ela retrucou. Parei pra pensar sobre isso um tempo depois e comprendi que ela tem razão. Cheguei a essa conclusão agora a pouco quando parei pra pensar em como tinha sobrevivido até que aprendesse a ler e escrever, e como tinha transformado isso em algo diferente pra mim.Eu não, eu realmente não sei. Talvez eu seja um mentiroso por natureza. Talvez eu seja só um iludido. Que tipo de louco fica pensando nisso ás 06:16 da manhã de uma sexta sem ainda ter dormido¿ Eu com certeza sou um desses. Eu estou sempre pensando em algumas coisas desse tipo, quando não em coisas piores. Talvez eu deva procurar um psiquiatra. Essa é uma possibilidade que eu já venha deslumbrando há algum tempo mas que ainda não consegui tomar a iniciativa. Talvez eu deva arrumar um emprego e continuar fazendo as mesmas coisas que eu faço no resto do dia. Ou talvez eu deva esperar que Deus me ilumine e faça com que tudo fique bem. Isso seria maravilhoso.

03 de Abril de 2008 - 18:38

Não sei o que me da mais raiva. Se é pagar 20 reais pra uma costureira grossa e mal educada fazer um ajuste em uma calça e ela ainda fizer errado, se é ser enganado por uma propaganda enganosa de uma empresa de telefonia móvel sem vergonha e assinar um contrato para uma internet com velocidade de 1mb e só conseguir ter conexões de no máximo 100kbps, ou seja, 10% do prometido, ou se é ficar quase duas horas no atendimento por telefone da mesma empresa e ainda ouvir do atendente a resposta de que o departamento jurídico deles já esta preparado a minha ameaça de processo.

03 de Abril de 2008 – 18:33

Uma coisa que me irrita são as velhinhas que ficam na parte do sacolão do supermercado Extra da Brigadeiro Luiz Antonio andando pra lá e pra com seus carrinhos em uma velocidade extremamente lenta, atrapalhando todo o tráfego de quem quer passar por ali e chegar até a lanchonete para almoçar ou jantar e escolhendo as frutas e legumes com olhar clínico e demorado. E se por acaso você esbarra sem querer numa delas ou num de seus carrinhos te olham com um olhar ameaçador esperando para que você peça desculpas ou algo do tipo. Não tenho nada contra velhos, existem alguns até muito simpáticos e creio que devemos muito do que temos hoje a eles, mas não da pra negar que existem alguns que são muito chatos. Também existem muitos jovens chatos, mas felizmente eles ainda não chegaram a idade de andar com seus carrinhos em lentidão profunda e bloquearem o tráfego pelos corredores do supermercado.

3 de Abril de 2008 – 18:28

Saí da loja da Claro da avenida Paulista onde estava resolvendo uns problemas da porcaria da Internet G3 que fiz a cagada de assinar e a chuva caia sobre São Paulo, como quase sempre na terra da garoa. O grande problema era que eu não tinha um guarda chuva, e apesar de minha casa ficar só a três quadras dali eu previ que chegaria ensopado. Pra minha sorte um vendedor ambulante anunciava seus guarda-chuvas logo na frente da loja.
- Quanto custa?
- O grande é 10 e o pequeno é 5.
Pedi pra ver o pequeno. Abriu o guarda chuva e o analisei por alguns instantes. Por 5 reais pode-se prever que seria dos mais vagabundos, e realmente era, mas resolvi comprar mesmo assim. Saí dali com o guarda-chuva já aberto e atravessei a avenida Paulista. No canteiro enquanto esperava o sinal fechar a chuva aumentou. O guarda-chuva vagabundo me salvava. Os carros se enfileiravam e como sempre acontece em São Paulo nos dias de chuva o trânsito da avenida Paulista sentido Consolação começava a ficar caótico. Buzinaço, carros devagar com homens de terno e gravata e mulheres de roupa social falando ao celular. Moto-boys com suas botas e capa de chuva pretos passavam achando brechas entre os carros e levando vantagem no trânsito infernal. Atravessei a rua e ao lado do Mc Donalds entrei na Joaquim Eugênio de Lima. A chuva caia e fazia estalos no pano vagabundo de meu recém comprado guarda-chuva. Olhei ao redor e vi todas as pessoas andando pra lá e pra cá com seus guarda-chuvas. Algumas de capa de chuva. Como elas sabiam que ia chover? Pareciam preparadas para algum dilúvio. É de se esperar que os paulistanos andem sempre esperando que um toró caia sobre suas cabeças a qualquer hora do dia ou da noite. As pouquíssimas pessoas que não tinham guarda-chuva se protegiam embaixo de uma banca de jornal e de uma marquise de hotel. Continuei caminhando abaixo. Na rua seguinte virei a esquerda na Alameda Ribeirão Preto. Mais alguns passos e cheguei na frente da pensão onde moro. A senhoria também estava chegando por ali com seu guarda-chuva rosa. Ela parecia sempre estar ali na frente, ou andando ali por perto, ou limpando a casa lá dentro. Era um tanto onipresente. Todos os dias em que eu saia encontrava com ela em algum lugar das redondezas. Ás vezes andava uma ou duas quadras e encontrava ela voltando pra casa ou indo pra algum outro lugar. Me cumprimentava com um sorriso e eu respondia com um – Olá Dona Santina.
Cheguei em meu quarto e sentei na cama. Acendi um cigarro e fiquei olhando para o teto e para as paredes por um tempo.

Monday, March 31, 2008

Notas - 30/04/08

23:04

Oh que merda. Tenho uma garrafa de água aqui em meu quarto da pensão, a qual eu comprei já há umas duas ou três semanas, e depois disso venho enchendo-a regularmente no filtro da cozinha e agora quando fui enchê-la novamente pois estava com uma sede realmente considerável percebi que sua borda esta com sujeiras de aspecto realmente ruim. Nunca fui de ter frescuras com essas coisas mas essa sujeira na água me pegou desprevenido. Acho que amanhã depois de ir tirar o dinheiro no banco comprarei uma garrafa nova.

23:10

Depois que retirar esse dinheiro que meu pai me mandou quero ficar um bom tempo sem comer cachorro-quente.

23:11

Não sei porque motivo, mas o teclado do meu notebook no word não consegue emitir pontos de interrogação corretos e freqüentemente enquanto digito alguma coisa com rapidez sou obrigado a parar pois automaticamente ele pula para alguma linha já escrita e tudo o que eu estou digitando atropela algo que eu digitei antes e me faz ter que parar para arrumar e acabo por perder o ritmo e a velocidade do texto. É uma verdadeira merda.

23:15

Dia desses uma garota da minha sala na faculdade me disse que sou ranzinza. Ela não falou isso em um tom de ofensa ou algo parecido, mas me fez pensar um pouco e acho que ela tem razão. Sou chato pra caralho e de certa forma gosto de ser assim. Odeio pessoas felizes.

23:17

Trecho de uma música de um disco do Jonathan Richman e dos Modern Lovers:. “If you don’t think Paris is made for love, give Paris one more chance.”

23:19

Para ser sincero estou gostando de fazer essas notinhas rápidas há cada dois minutos.

23:20

Só pra reiterar que Speed of Sound do Chris Bell é incrivelmente linda.

23:21

Vou parar por aqui. Essa brincadeira já perdeu a graça.

30 de Março de 2008 – 22:42

Página em branco. Bela maneira para começar um texto. É um longo processo. Você precisa atravessar todo esse espaço e preenchê-lo de forma que todas essas palavras em cores pretas ou azuis ou vermelhas ou qualquer outra que você preferir formem algo interessante que alguém vai ler e vai gostar ou que você vai apenas guardar pra si mesmo e ler daqui há 5, 10, 20 ou 30 anos e rir de suas divagações idiotas e exclamar sobre como você era assim ou assado na juventude e pensar no que você terá se tornado até então.

É um tanto estranho. Estava pensando sobre meu final de semana. Se olhar por um lado posso tirar uma certa conclusão e defini-lo como um bom final de semana. Por outro lado posso ter uma visão pessimista e olhar só as coisas ruins, que é o que eu costumo fazer quase sempre. De todo modo, creio que tenha sido um bom final de semana, com as devidas restrições que os meus dias devem ter para serem considerados bons. O que quero dizer, veja bem, é que quando digo que tive um dia bom estou dizendo em outras palavras que foi um dia com menos coisas ruins e menos tormentos em minha cabeça do que os outros. Não creio que tenha tido algum dia realmente bom nos últimos tempos, mas não me importo muito com isso. Dia após dia eu junto meus tijolos e construo minhas paredes ao meu redor (para me cercar da presença infame da maioria das pessoas) e assim a vida segue.

Acho que seria justo fazer um pequeno relato de meu final de semana. Tive uma boa sexta feira, acho que os acontecimentos desta última sexta-feira merecem ser relatados em um conto em prosa quando eu estiver mais inspirado nesse sentido. Posso dizer que conheci uma garota que fez com que eu me sentisse bem como nenhuma garota conseguiu fazer a muito tempo, que fiquei embriagado e fui assim para a aula e fiquei lá me sentindo estranho como as pessoas que estão bêbadas nos lugares que não deveriam estar se sentem. Depois disso fui pegar um dinheiro emprestado na casa de uma amiga, e lá encontrei o namorado dela que eu já conhecia do último reveillon onde passamos a virada bêbados até que os fogos me dessem conta de que estávamos no ano novo e não dei muita bola para aquilo, porque aquele tinha sido um péssimo ano e gostaria que ele fosse embora justamente como tinha chego, sorrateiramente, mas esse é um assunto para outro papo. De todo modo o que eu vinha dizendo é que ficamos lá pela casa dele bebendo umas cervejas e fumando uns cigarros, e ouvindo Ray Charles, Dylan e conversando (em uma das conversas fiz a besteira de dizer sobre minha idéia de que 80% dos políticos são ladrões e descobri que o pai dele era vereador em uma cidadezinha no mato grosso do sul) e acabei emborcando algumas doses de vodka com guaraná que ele tinha por lá e quando percebi já estava bêbado novamente. Saí de lá pelas cinco da manhã e depois parei pra comer um lanche num lugar aqui perto. Quando cheguei em casa, já as seis creio eu, me dei conta que meu caderno não estava mais comigo. Agora eu não consigo me lembrar se deixei o caderno na casa dele ou na lanchonete. Pensei em ligar pra essa minha amiga pra pegar o telefone dele e perguntar isso mas meu cartão telefônico tem 3 unidades e não acho que conseguiria manter uma ligação decente assim. O aspecto financeiro tem sido um pouco difícil nesses últimos dias, mas falei com meu pai logo mais e ele estará mandando uma quantia boa para mim amanhã, de certo modo a maior parte do dinheiro já esta comprometido com alguns compromissos como cortar o cabelo, comprar um tênis novo, comprar um modem para ter acesso a Internet, pagar o dinheiro que peguei emprestado com essa amiga e comer ao longo da semana. O grande problema é que ele quer que eu mantenha esse dinheiro por um mês e creio que isso será impossível. Devo pensar nisso quando estiver com o dinheiro em mãos. Economizar de alguma forma. Quem sabe comer menos, ou não comer. Posso me virar com algumas poucas refeições e com meus cigarros e cervejas. Foi o que fiz nos últimos dias. Quando a fome apertava era só acender um cigarro ou comer os biscoitos que mantenho aqui há algum tempo ou os restos do chocolate do ovo de páscoa que meu pai me deu.

Não estou como sono, e nem preciso ir dormir, mas também não tenho o que fazer. Não me sinto animado para ler. Preciso tomar água. Acho que vou fazer isso.

29 de março de 2008 – 22:43

Estou aqui, no sábado a noite sentado na minha cama no meu quarto de pensão ouvindo os Smiths e curtindo o fim de uma ressaca um tanto quanto considerável e pensando em uma garota que conheci ontem mesmo e que é um arraso. Não vou me estender no assunto, não estou muito a fim de falar sobre isso agora, mas confesso que seria ótimo se ela me ligasse e me chamasse pra cair em algum bar ali perto da Augusta e a gente pudesse ficar juntos bebendo cerveja e fumando cigarros e eu mostraria meus textos pra ela e depois me envergonharia e ficaria constrangido pela pobreza e dramaticidade dos meus escritos, mas ela passaria a mão na minha cabeça e diria que eu escrevo muito bem e que sou um baita escritor e todas essas coisas que eu ia gostar de ouvir e me sentir mais feliz.

Mas voltando ao assunto, acordei com uma certa ressaca um tanto quanto estranha e nem ao menos sei o porque disso, tendo em conta que não bebi muito ontem (pelo menos não o tanto suficiente para me deixar com uma ressaca que me derrubasse como aconteceu) mas creio que talvez seja pelo fato de ter tomado algumas doses de vodka com guaraná e eu sei bem que não posso com essa bebida, que é talvez a única bebida que eu não goste e não deva tomar, mas quando já havia bebido um monte ela apareceu na minha frente e aí não tinha como negar. De qualquer forma eu estou melhorando. Exceto o fato de que estou com muito calor (penso que agora deveria ligar o ventilador e deixar o texto de lado por alguns segundos, e é exatamente isso que vou fazer). Ok, ventilador ligado na velocidade 1 e se o calor persistir aumentarei para a 2 e posteriormente para a 3. Um grande problema desse ventilador, ou da energia dessa casa e mais exatamente do meu quarto é que não sei por quais motivos quando o notebook e o ventilador estão ligados ao mesmo tempo (o que é bastante freqüente) o ventilador, em qualquer velocidade que estiver faz um barulho muito maior do que o normal, como se girasse com mais violência e funcionasse com algum tipo de raiva por ter que dividir a energia com o computador. Eu devo estar pirando, esse raciocínio foi talvez uma das maiores besteiras que eu já ouvi.

Eu volto a pensar na garota, de certo modo ela esta um tanto quanto presa a minha cabeça, pelo menos hoje está. E aí eu começo a pensar, aqui comigo mesmo, o que ela deve estar fazendo agora¿ Talvez bebendo e fumando, ou trepando, ou vendo algum programa ruim na televisão, ou comendo os restos do almoço comprado em algum restaurante que vende massas e assados, ou talvez ela esta jantando em algum restaurante legal na companhia de umas pessoas. Vai lá saber. O certo é que eu gostaria de saber, mas agora não tem como. Tudo bem, eu supero isso. Os efeitos da ressaca estão passando e penso que talvez seria legal esticar até ali e comprar umas latinhas e ficar aqui com minhas cervejas e meus cigarrinh-o-o-os, mas reflito por alguns segundos e concluo que não estou nem um pouco a fim de fumar hoje. De beber sim, essa é uma vontade praticamente constante na minha vida, tirando os momentos em que acabo de acordar e que a ressaca esta acentuada eu penso que beber sempre seria muito bom. Gostaria de ser William Burroughs também. Depois que li o Junky penso nesse cara com bastante freqüência. Até peguei o cut-up filmes pra assistir, mas é um filme muito muito doido. Por falar em filmes, essa tem sido minha grande ajuda pra fugir do tédio do meu quartinho de pensão sem televisão e Internet e telefone e qualquer coisa assim. De todo modo ainda me sobra meu notebook, e ele roda dvd, então nos últimos dias eu me dediquei fielmente a assistir muitos filmes, e posso dizer que tive o prazer de escolher alguns clássicos que me valeram as horas assistidas. Full Metal Jacket, Jackie Brown, Cotton Club, Henry e June e mais dois filmes do Andy Warhol (meio pirados, diga-se de passagem) e que eu me lembre foram esses os últimos filmes que assisti. Ah, esqueci também do American Grafitti e da continuação, More American Grafitti, que me agradaram bastante também (especialmente em relação a trilha sonora). Deus do céu, esse texto está virando um lixo. Tenho que confessar que no começo achei que ele pudesse terminar como alguma coisa boa mas agora vejo que estou completamente enganado. A literatura precisa ser trabalhada, é o que as pessoas dizem, mas eu só consigo me sentar e escrever esses textos de merda. Não faz mal, não me importo, não vejo mal nisso, não vejo mal em nada.

Acho que seria interessante relatar aqui que mudei a trilha sonora para This land is your land do Woody Guthrie. Também acho que seria interessante relatar que apesar de estar com calor, agora que liguei o ventilador na velocidade mínima começo a sentir um certo frio, mas estou suado embaixo de meus braços e com um sentimento térmico um tanto quanto estranho. Isso não é novidade, eu sempre fico em dúvida sobre qualquer coisa. Se quero ou não deixar o ventilador ligado, se devo ou não tomar um café, se durmo de bruços ou de costas, se bebo cerveja da marca x ou da y, e por aí vai.

*Nota do escritor: Mudei a trilha sonora novamente. Agora estou ouvindo Charlie “Bird” Parker e espero ouvir algumas músicas desse gênio do jazz. Falando em jazz dia desses andando pela Augusta comprei de um daqueles caras que montam bancas e vendem livros um sobre jazz em inglês por 10 reais. Bela aquisição. Tenho a certeza de que comprar livros e discos são os melhores investimentos que posso fazer. Excetuando é claro a bebida, que tem uma certa necessidade, porque pra agüentar o tanto de pessoas chatas que somos obrigados a agüentar dia após dia só bebendo sua cervejinha ou vinhozinho ou uísque ou qualquer coisa que você preferir. Vale ressaltar que não me refiro a uma pessoa em especial (se bem que algumas mereciam ser citadas por serem seres de extrema chatice e inconveniência que me deixam com vontade de pular em seus pescoços e arrebentar suas caras com murros na boca e no nariz) mas sim a todas as pessoas que sou obrigado a tolerar no dia a dia e todas as coisas chatérrimas que elas tem a me dizer e perguntas sem graça que elas tem a me fazer. Eu gostaria muito de que todas as pessoas pudessem ter seus animais de estimação e aí pentelhassem os pobres coitados gatos, cachorros e passarinhos em vez de encher o ouvido das pessoas com tanta asneira. É um caso sério. Creio que eu também seja um verdadeiro chato, mas não fico procurando ouvidos alheios para despejar minhas divagações. Gostaria de dizer também que não sou contra a conversa, longe de mim, acho que algumas são incrivelmente interessantes e proveitosas, desde que feitas com as pessoas certas e sobre os assuntos certos e os mais simples possíveis de preferência. Não gosto de conversas intelectuais ou de discussões político-religiosas. Alem de serem de uma chatice enorme não sinto o menor prazer em tentar levantar minhas convicções e argumentos para convencer tal pessoa de que ela deve pensar assim ao invés de assado. Prefiro que elas pensem como quiserem e que eu fique aqui com minhas idéias e de certo modo só ouvir quem a meu julgamento pessoal valer a pena.

Que monólogo entediante virou esse texto. É meio ruim o fato de 85% das coisas que eu escrevo terminarem com reclamações ou lamentos sobre qualquer coisa. Talvez eu deva começar a achar outra ocupação ao invés de escrever. Quem sabe jogar paciência ou tetris ou qualquer outra coisa em que eu possa fazer sozinho.

Monday, March 24, 2008

13/03/08 - 14:58

Estou andando pela avenida Paulista enquanto uma chuva rala cai sobre a cidade de São Paulo e centenas de pessoas passam sobre mim com seus guarda-chuvas e olhando mais de cima com a cabeça empinada posso ver centenas de guarda-chuvas se movendo em todas as direções com pessoas anônimas debaixo deles. São Paulo fica boniota quando chove. São Paulo fica caótica quando chove.
Atravesso um quarteirão da Paulista cantando It's cold outside dos (esqueci o nome da banda agora) mas penso na versão do Stiv Bators que me agrada mais.
Desço a esquerda na Joaquim Eugênio de Lima e tenho vontade de acender um cigarro, mas não o faço pois seria inútil acende-lo e deixar que a chuva o apague e o estrague logo depois. Na quadra de baixo um rapaz passa a minha frente correndo para não se molhar. Eu ando com calma e sinto a chuva fria me molhar aos poucos. Na quadra seguinte pego à esquerda novamente e estou na alameda Ribeirão Preto. A chuva aumenta e mudo meu repertório para La la la lies do The Who.
Vejo o rapaz de duas quadras atrás ainda correndo. Entro na segunda à direita e também arrisco aumentar a velocidade. Logo estou correndo e saltando tentando sincronizar o ritmo dos passos com La la la lies que ainda toca na minha cabeça.
Chego à casa simples que é a pensão onde moro desde os últimos três dias e onde devo morar por tempo indeterminado. A senhoria esta na porta e com um sorriso pergunta se vim correndo. Ela me acompanha até meu quarto, que fica no andar de baixo da casa. Chegamos ao quarto número 12, saco a chave e abro a porta. O quarto esta uma bagunça como sempre foi em todos os quartos qeu tive. Pago o que devo a ela e me seco com a toalha de banho. Abro o caderno e começo a escrever. Não gosto de escrever a mão. Trovões e o barulho da chuva lá fora. Acendo um cigarro e termino.

Friday, March 14, 2008

me sinto um verdadeiro idiota
olhando para as garotas que nunca vou ter
e escrevendo os poemas que ninguém vai ler

e me sinto um completo idiota
sentado em minha cadeira tentando escrever
poemas e prosas e pensando que bom seria se
de novo eu pudesse nascer

Tuesday, March 11, 2008

Mais um bêbado em mais um bar

Mais um bêbado em mais um bar, é isso que eu sou. Perdido entre garrafas vazias e copos sujos e bitucas de ciarro, pensando na vida e discutindo futebol ou outra banalidades com outros bêbados solitários que se tornam companhias temporarias pelo tempo que a cerveja durar ou que o saco aguentar.Gosto dos bares mais vazios, dos botequins mais baratos e dos lugares em que se pode sentar no balcão sem ser importunado por qualquer coisa.

19/02/2008 - 23:12

Saindo da aula, caminhei com um colega até a estação de metrô. Ele sugeriu de andarmos até o bar onde os estudantes se reunem. Perguntei se ele queria beber, pois é isso que eu faço nos bares e é pra isso que eu vou até eles. Mas ele, contradizendo meu raciocínio disse que queria ver se tinha alguém por lá para socializar. Que coisa mais sem graça. Porque as pessoas tem que socializar? É tão ridículo e inútil. Não vejo mal em fazer amigos, mas também não vejo a mínima graça em socializar.Prefiro ficar comigo mesmo, com um copo de bebida e meu cigarro. Talvez alguns amigos, poucos. Não gosto de pessoas sociais.
Em toda minha vida
eu pensei
"porque isso?"
No resto da minha vida
não quero mais
pensar nisso

Textos da minha vida

Um monte de textos da minha vida
se perderam no passado
sem jamais serem escritos

um monte de outros textos da minha vida
me esperam no futuro
esperando para serem escritos