Monday, March 31, 2008

30 de Março de 2008 – 22:42

Página em branco. Bela maneira para começar um texto. É um longo processo. Você precisa atravessar todo esse espaço e preenchê-lo de forma que todas essas palavras em cores pretas ou azuis ou vermelhas ou qualquer outra que você preferir formem algo interessante que alguém vai ler e vai gostar ou que você vai apenas guardar pra si mesmo e ler daqui há 5, 10, 20 ou 30 anos e rir de suas divagações idiotas e exclamar sobre como você era assim ou assado na juventude e pensar no que você terá se tornado até então.

É um tanto estranho. Estava pensando sobre meu final de semana. Se olhar por um lado posso tirar uma certa conclusão e defini-lo como um bom final de semana. Por outro lado posso ter uma visão pessimista e olhar só as coisas ruins, que é o que eu costumo fazer quase sempre. De todo modo, creio que tenha sido um bom final de semana, com as devidas restrições que os meus dias devem ter para serem considerados bons. O que quero dizer, veja bem, é que quando digo que tive um dia bom estou dizendo em outras palavras que foi um dia com menos coisas ruins e menos tormentos em minha cabeça do que os outros. Não creio que tenha tido algum dia realmente bom nos últimos tempos, mas não me importo muito com isso. Dia após dia eu junto meus tijolos e construo minhas paredes ao meu redor (para me cercar da presença infame da maioria das pessoas) e assim a vida segue.

Acho que seria justo fazer um pequeno relato de meu final de semana. Tive uma boa sexta feira, acho que os acontecimentos desta última sexta-feira merecem ser relatados em um conto em prosa quando eu estiver mais inspirado nesse sentido. Posso dizer que conheci uma garota que fez com que eu me sentisse bem como nenhuma garota conseguiu fazer a muito tempo, que fiquei embriagado e fui assim para a aula e fiquei lá me sentindo estranho como as pessoas que estão bêbadas nos lugares que não deveriam estar se sentem. Depois disso fui pegar um dinheiro emprestado na casa de uma amiga, e lá encontrei o namorado dela que eu já conhecia do último reveillon onde passamos a virada bêbados até que os fogos me dessem conta de que estávamos no ano novo e não dei muita bola para aquilo, porque aquele tinha sido um péssimo ano e gostaria que ele fosse embora justamente como tinha chego, sorrateiramente, mas esse é um assunto para outro papo. De todo modo o que eu vinha dizendo é que ficamos lá pela casa dele bebendo umas cervejas e fumando uns cigarros, e ouvindo Ray Charles, Dylan e conversando (em uma das conversas fiz a besteira de dizer sobre minha idéia de que 80% dos políticos são ladrões e descobri que o pai dele era vereador em uma cidadezinha no mato grosso do sul) e acabei emborcando algumas doses de vodka com guaraná que ele tinha por lá e quando percebi já estava bêbado novamente. Saí de lá pelas cinco da manhã e depois parei pra comer um lanche num lugar aqui perto. Quando cheguei em casa, já as seis creio eu, me dei conta que meu caderno não estava mais comigo. Agora eu não consigo me lembrar se deixei o caderno na casa dele ou na lanchonete. Pensei em ligar pra essa minha amiga pra pegar o telefone dele e perguntar isso mas meu cartão telefônico tem 3 unidades e não acho que conseguiria manter uma ligação decente assim. O aspecto financeiro tem sido um pouco difícil nesses últimos dias, mas falei com meu pai logo mais e ele estará mandando uma quantia boa para mim amanhã, de certo modo a maior parte do dinheiro já esta comprometido com alguns compromissos como cortar o cabelo, comprar um tênis novo, comprar um modem para ter acesso a Internet, pagar o dinheiro que peguei emprestado com essa amiga e comer ao longo da semana. O grande problema é que ele quer que eu mantenha esse dinheiro por um mês e creio que isso será impossível. Devo pensar nisso quando estiver com o dinheiro em mãos. Economizar de alguma forma. Quem sabe comer menos, ou não comer. Posso me virar com algumas poucas refeições e com meus cigarros e cervejas. Foi o que fiz nos últimos dias. Quando a fome apertava era só acender um cigarro ou comer os biscoitos que mantenho aqui há algum tempo ou os restos do chocolate do ovo de páscoa que meu pai me deu.

Não estou como sono, e nem preciso ir dormir, mas também não tenho o que fazer. Não me sinto animado para ler. Preciso tomar água. Acho que vou fazer isso.

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