Monday, March 31, 2008

Notas - 30/04/08

23:04

Oh que merda. Tenho uma garrafa de água aqui em meu quarto da pensão, a qual eu comprei já há umas duas ou três semanas, e depois disso venho enchendo-a regularmente no filtro da cozinha e agora quando fui enchê-la novamente pois estava com uma sede realmente considerável percebi que sua borda esta com sujeiras de aspecto realmente ruim. Nunca fui de ter frescuras com essas coisas mas essa sujeira na água me pegou desprevenido. Acho que amanhã depois de ir tirar o dinheiro no banco comprarei uma garrafa nova.

23:10

Depois que retirar esse dinheiro que meu pai me mandou quero ficar um bom tempo sem comer cachorro-quente.

23:11

Não sei porque motivo, mas o teclado do meu notebook no word não consegue emitir pontos de interrogação corretos e freqüentemente enquanto digito alguma coisa com rapidez sou obrigado a parar pois automaticamente ele pula para alguma linha já escrita e tudo o que eu estou digitando atropela algo que eu digitei antes e me faz ter que parar para arrumar e acabo por perder o ritmo e a velocidade do texto. É uma verdadeira merda.

23:15

Dia desses uma garota da minha sala na faculdade me disse que sou ranzinza. Ela não falou isso em um tom de ofensa ou algo parecido, mas me fez pensar um pouco e acho que ela tem razão. Sou chato pra caralho e de certa forma gosto de ser assim. Odeio pessoas felizes.

23:17

Trecho de uma música de um disco do Jonathan Richman e dos Modern Lovers:. “If you don’t think Paris is made for love, give Paris one more chance.”

23:19

Para ser sincero estou gostando de fazer essas notinhas rápidas há cada dois minutos.

23:20

Só pra reiterar que Speed of Sound do Chris Bell é incrivelmente linda.

23:21

Vou parar por aqui. Essa brincadeira já perdeu a graça.

30 de Março de 2008 – 22:42

Página em branco. Bela maneira para começar um texto. É um longo processo. Você precisa atravessar todo esse espaço e preenchê-lo de forma que todas essas palavras em cores pretas ou azuis ou vermelhas ou qualquer outra que você preferir formem algo interessante que alguém vai ler e vai gostar ou que você vai apenas guardar pra si mesmo e ler daqui há 5, 10, 20 ou 30 anos e rir de suas divagações idiotas e exclamar sobre como você era assim ou assado na juventude e pensar no que você terá se tornado até então.

É um tanto estranho. Estava pensando sobre meu final de semana. Se olhar por um lado posso tirar uma certa conclusão e defini-lo como um bom final de semana. Por outro lado posso ter uma visão pessimista e olhar só as coisas ruins, que é o que eu costumo fazer quase sempre. De todo modo, creio que tenha sido um bom final de semana, com as devidas restrições que os meus dias devem ter para serem considerados bons. O que quero dizer, veja bem, é que quando digo que tive um dia bom estou dizendo em outras palavras que foi um dia com menos coisas ruins e menos tormentos em minha cabeça do que os outros. Não creio que tenha tido algum dia realmente bom nos últimos tempos, mas não me importo muito com isso. Dia após dia eu junto meus tijolos e construo minhas paredes ao meu redor (para me cercar da presença infame da maioria das pessoas) e assim a vida segue.

Acho que seria justo fazer um pequeno relato de meu final de semana. Tive uma boa sexta feira, acho que os acontecimentos desta última sexta-feira merecem ser relatados em um conto em prosa quando eu estiver mais inspirado nesse sentido. Posso dizer que conheci uma garota que fez com que eu me sentisse bem como nenhuma garota conseguiu fazer a muito tempo, que fiquei embriagado e fui assim para a aula e fiquei lá me sentindo estranho como as pessoas que estão bêbadas nos lugares que não deveriam estar se sentem. Depois disso fui pegar um dinheiro emprestado na casa de uma amiga, e lá encontrei o namorado dela que eu já conhecia do último reveillon onde passamos a virada bêbados até que os fogos me dessem conta de que estávamos no ano novo e não dei muita bola para aquilo, porque aquele tinha sido um péssimo ano e gostaria que ele fosse embora justamente como tinha chego, sorrateiramente, mas esse é um assunto para outro papo. De todo modo o que eu vinha dizendo é que ficamos lá pela casa dele bebendo umas cervejas e fumando uns cigarros, e ouvindo Ray Charles, Dylan e conversando (em uma das conversas fiz a besteira de dizer sobre minha idéia de que 80% dos políticos são ladrões e descobri que o pai dele era vereador em uma cidadezinha no mato grosso do sul) e acabei emborcando algumas doses de vodka com guaraná que ele tinha por lá e quando percebi já estava bêbado novamente. Saí de lá pelas cinco da manhã e depois parei pra comer um lanche num lugar aqui perto. Quando cheguei em casa, já as seis creio eu, me dei conta que meu caderno não estava mais comigo. Agora eu não consigo me lembrar se deixei o caderno na casa dele ou na lanchonete. Pensei em ligar pra essa minha amiga pra pegar o telefone dele e perguntar isso mas meu cartão telefônico tem 3 unidades e não acho que conseguiria manter uma ligação decente assim. O aspecto financeiro tem sido um pouco difícil nesses últimos dias, mas falei com meu pai logo mais e ele estará mandando uma quantia boa para mim amanhã, de certo modo a maior parte do dinheiro já esta comprometido com alguns compromissos como cortar o cabelo, comprar um tênis novo, comprar um modem para ter acesso a Internet, pagar o dinheiro que peguei emprestado com essa amiga e comer ao longo da semana. O grande problema é que ele quer que eu mantenha esse dinheiro por um mês e creio que isso será impossível. Devo pensar nisso quando estiver com o dinheiro em mãos. Economizar de alguma forma. Quem sabe comer menos, ou não comer. Posso me virar com algumas poucas refeições e com meus cigarros e cervejas. Foi o que fiz nos últimos dias. Quando a fome apertava era só acender um cigarro ou comer os biscoitos que mantenho aqui há algum tempo ou os restos do chocolate do ovo de páscoa que meu pai me deu.

Não estou como sono, e nem preciso ir dormir, mas também não tenho o que fazer. Não me sinto animado para ler. Preciso tomar água. Acho que vou fazer isso.

29 de março de 2008 – 22:43

Estou aqui, no sábado a noite sentado na minha cama no meu quarto de pensão ouvindo os Smiths e curtindo o fim de uma ressaca um tanto quanto considerável e pensando em uma garota que conheci ontem mesmo e que é um arraso. Não vou me estender no assunto, não estou muito a fim de falar sobre isso agora, mas confesso que seria ótimo se ela me ligasse e me chamasse pra cair em algum bar ali perto da Augusta e a gente pudesse ficar juntos bebendo cerveja e fumando cigarros e eu mostraria meus textos pra ela e depois me envergonharia e ficaria constrangido pela pobreza e dramaticidade dos meus escritos, mas ela passaria a mão na minha cabeça e diria que eu escrevo muito bem e que sou um baita escritor e todas essas coisas que eu ia gostar de ouvir e me sentir mais feliz.

Mas voltando ao assunto, acordei com uma certa ressaca um tanto quanto estranha e nem ao menos sei o porque disso, tendo em conta que não bebi muito ontem (pelo menos não o tanto suficiente para me deixar com uma ressaca que me derrubasse como aconteceu) mas creio que talvez seja pelo fato de ter tomado algumas doses de vodka com guaraná e eu sei bem que não posso com essa bebida, que é talvez a única bebida que eu não goste e não deva tomar, mas quando já havia bebido um monte ela apareceu na minha frente e aí não tinha como negar. De qualquer forma eu estou melhorando. Exceto o fato de que estou com muito calor (penso que agora deveria ligar o ventilador e deixar o texto de lado por alguns segundos, e é exatamente isso que vou fazer). Ok, ventilador ligado na velocidade 1 e se o calor persistir aumentarei para a 2 e posteriormente para a 3. Um grande problema desse ventilador, ou da energia dessa casa e mais exatamente do meu quarto é que não sei por quais motivos quando o notebook e o ventilador estão ligados ao mesmo tempo (o que é bastante freqüente) o ventilador, em qualquer velocidade que estiver faz um barulho muito maior do que o normal, como se girasse com mais violência e funcionasse com algum tipo de raiva por ter que dividir a energia com o computador. Eu devo estar pirando, esse raciocínio foi talvez uma das maiores besteiras que eu já ouvi.

Eu volto a pensar na garota, de certo modo ela esta um tanto quanto presa a minha cabeça, pelo menos hoje está. E aí eu começo a pensar, aqui comigo mesmo, o que ela deve estar fazendo agora¿ Talvez bebendo e fumando, ou trepando, ou vendo algum programa ruim na televisão, ou comendo os restos do almoço comprado em algum restaurante que vende massas e assados, ou talvez ela esta jantando em algum restaurante legal na companhia de umas pessoas. Vai lá saber. O certo é que eu gostaria de saber, mas agora não tem como. Tudo bem, eu supero isso. Os efeitos da ressaca estão passando e penso que talvez seria legal esticar até ali e comprar umas latinhas e ficar aqui com minhas cervejas e meus cigarrinh-o-o-os, mas reflito por alguns segundos e concluo que não estou nem um pouco a fim de fumar hoje. De beber sim, essa é uma vontade praticamente constante na minha vida, tirando os momentos em que acabo de acordar e que a ressaca esta acentuada eu penso que beber sempre seria muito bom. Gostaria de ser William Burroughs também. Depois que li o Junky penso nesse cara com bastante freqüência. Até peguei o cut-up filmes pra assistir, mas é um filme muito muito doido. Por falar em filmes, essa tem sido minha grande ajuda pra fugir do tédio do meu quartinho de pensão sem televisão e Internet e telefone e qualquer coisa assim. De todo modo ainda me sobra meu notebook, e ele roda dvd, então nos últimos dias eu me dediquei fielmente a assistir muitos filmes, e posso dizer que tive o prazer de escolher alguns clássicos que me valeram as horas assistidas. Full Metal Jacket, Jackie Brown, Cotton Club, Henry e June e mais dois filmes do Andy Warhol (meio pirados, diga-se de passagem) e que eu me lembre foram esses os últimos filmes que assisti. Ah, esqueci também do American Grafitti e da continuação, More American Grafitti, que me agradaram bastante também (especialmente em relação a trilha sonora). Deus do céu, esse texto está virando um lixo. Tenho que confessar que no começo achei que ele pudesse terminar como alguma coisa boa mas agora vejo que estou completamente enganado. A literatura precisa ser trabalhada, é o que as pessoas dizem, mas eu só consigo me sentar e escrever esses textos de merda. Não faz mal, não me importo, não vejo mal nisso, não vejo mal em nada.

Acho que seria interessante relatar aqui que mudei a trilha sonora para This land is your land do Woody Guthrie. Também acho que seria interessante relatar que apesar de estar com calor, agora que liguei o ventilador na velocidade mínima começo a sentir um certo frio, mas estou suado embaixo de meus braços e com um sentimento térmico um tanto quanto estranho. Isso não é novidade, eu sempre fico em dúvida sobre qualquer coisa. Se quero ou não deixar o ventilador ligado, se devo ou não tomar um café, se durmo de bruços ou de costas, se bebo cerveja da marca x ou da y, e por aí vai.

*Nota do escritor: Mudei a trilha sonora novamente. Agora estou ouvindo Charlie “Bird” Parker e espero ouvir algumas músicas desse gênio do jazz. Falando em jazz dia desses andando pela Augusta comprei de um daqueles caras que montam bancas e vendem livros um sobre jazz em inglês por 10 reais. Bela aquisição. Tenho a certeza de que comprar livros e discos são os melhores investimentos que posso fazer. Excetuando é claro a bebida, que tem uma certa necessidade, porque pra agüentar o tanto de pessoas chatas que somos obrigados a agüentar dia após dia só bebendo sua cervejinha ou vinhozinho ou uísque ou qualquer coisa que você preferir. Vale ressaltar que não me refiro a uma pessoa em especial (se bem que algumas mereciam ser citadas por serem seres de extrema chatice e inconveniência que me deixam com vontade de pular em seus pescoços e arrebentar suas caras com murros na boca e no nariz) mas sim a todas as pessoas que sou obrigado a tolerar no dia a dia e todas as coisas chatérrimas que elas tem a me dizer e perguntas sem graça que elas tem a me fazer. Eu gostaria muito de que todas as pessoas pudessem ter seus animais de estimação e aí pentelhassem os pobres coitados gatos, cachorros e passarinhos em vez de encher o ouvido das pessoas com tanta asneira. É um caso sério. Creio que eu também seja um verdadeiro chato, mas não fico procurando ouvidos alheios para despejar minhas divagações. Gostaria de dizer também que não sou contra a conversa, longe de mim, acho que algumas são incrivelmente interessantes e proveitosas, desde que feitas com as pessoas certas e sobre os assuntos certos e os mais simples possíveis de preferência. Não gosto de conversas intelectuais ou de discussões político-religiosas. Alem de serem de uma chatice enorme não sinto o menor prazer em tentar levantar minhas convicções e argumentos para convencer tal pessoa de que ela deve pensar assim ao invés de assado. Prefiro que elas pensem como quiserem e que eu fique aqui com minhas idéias e de certo modo só ouvir quem a meu julgamento pessoal valer a pena.

Que monólogo entediante virou esse texto. É meio ruim o fato de 85% das coisas que eu escrevo terminarem com reclamações ou lamentos sobre qualquer coisa. Talvez eu deva começar a achar outra ocupação ao invés de escrever. Quem sabe jogar paciência ou tetris ou qualquer outra coisa em que eu possa fazer sozinho.

Monday, March 24, 2008

13/03/08 - 14:58

Estou andando pela avenida Paulista enquanto uma chuva rala cai sobre a cidade de São Paulo e centenas de pessoas passam sobre mim com seus guarda-chuvas e olhando mais de cima com a cabeça empinada posso ver centenas de guarda-chuvas se movendo em todas as direções com pessoas anônimas debaixo deles. São Paulo fica boniota quando chove. São Paulo fica caótica quando chove.
Atravesso um quarteirão da Paulista cantando It's cold outside dos (esqueci o nome da banda agora) mas penso na versão do Stiv Bators que me agrada mais.
Desço a esquerda na Joaquim Eugênio de Lima e tenho vontade de acender um cigarro, mas não o faço pois seria inútil acende-lo e deixar que a chuva o apague e o estrague logo depois. Na quadra de baixo um rapaz passa a minha frente correndo para não se molhar. Eu ando com calma e sinto a chuva fria me molhar aos poucos. Na quadra seguinte pego à esquerda novamente e estou na alameda Ribeirão Preto. A chuva aumenta e mudo meu repertório para La la la lies do The Who.
Vejo o rapaz de duas quadras atrás ainda correndo. Entro na segunda à direita e também arrisco aumentar a velocidade. Logo estou correndo e saltando tentando sincronizar o ritmo dos passos com La la la lies que ainda toca na minha cabeça.
Chego à casa simples que é a pensão onde moro desde os últimos três dias e onde devo morar por tempo indeterminado. A senhoria esta na porta e com um sorriso pergunta se vim correndo. Ela me acompanha até meu quarto, que fica no andar de baixo da casa. Chegamos ao quarto número 12, saco a chave e abro a porta. O quarto esta uma bagunça como sempre foi em todos os quartos qeu tive. Pago o que devo a ela e me seco com a toalha de banho. Abro o caderno e começo a escrever. Não gosto de escrever a mão. Trovões e o barulho da chuva lá fora. Acendo um cigarro e termino.

Friday, March 14, 2008

me sinto um verdadeiro idiota
olhando para as garotas que nunca vou ter
e escrevendo os poemas que ninguém vai ler

e me sinto um completo idiota
sentado em minha cadeira tentando escrever
poemas e prosas e pensando que bom seria se
de novo eu pudesse nascer

Tuesday, March 11, 2008

Mais um bêbado em mais um bar

Mais um bêbado em mais um bar, é isso que eu sou. Perdido entre garrafas vazias e copos sujos e bitucas de ciarro, pensando na vida e discutindo futebol ou outra banalidades com outros bêbados solitários que se tornam companhias temporarias pelo tempo que a cerveja durar ou que o saco aguentar.Gosto dos bares mais vazios, dos botequins mais baratos e dos lugares em que se pode sentar no balcão sem ser importunado por qualquer coisa.

19/02/2008 - 23:12

Saindo da aula, caminhei com um colega até a estação de metrô. Ele sugeriu de andarmos até o bar onde os estudantes se reunem. Perguntei se ele queria beber, pois é isso que eu faço nos bares e é pra isso que eu vou até eles. Mas ele, contradizendo meu raciocínio disse que queria ver se tinha alguém por lá para socializar. Que coisa mais sem graça. Porque as pessoas tem que socializar? É tão ridículo e inútil. Não vejo mal em fazer amigos, mas também não vejo a mínima graça em socializar.Prefiro ficar comigo mesmo, com um copo de bebida e meu cigarro. Talvez alguns amigos, poucos. Não gosto de pessoas sociais.
Em toda minha vida
eu pensei
"porque isso?"
No resto da minha vida
não quero mais
pensar nisso

Textos da minha vida

Um monte de textos da minha vida
se perderam no passado
sem jamais serem escritos

um monte de outros textos da minha vida
me esperam no futuro
esperando para serem escritos