Sunday, July 29, 2007

Era uma noite de sábado de julho realmente fria em que eu estava deveras cansado e tinha decidido ficar em casa, até um amigo me ligar.

- Alô
- Vamos pruma festa ai?
- Que festa é essa?
- Na casa de uma menina, ela mandou chamar todo mundo que quiser. Só precisa levar bebida.
- Po meu, eu to zerado de grana.
- Relaxa, eu compro bebida pra gente levar.
- Ta. Beleza.

Desliguei e me arrependi de ter dito que ia logo depois. Estava cansado pra valer, não tinha um puto no bolso e do jeito que dois mais dois são quatro esse negócio de levar as bebidas ia dar algum rolo. Estava sem grana até pra voltar de ônibus. Liguei de volta pra dizer que tinha desistido mas ninguém atendia. Liguei pra outro amigo e pedi pra ele dizer que eu não ia.
Então voltei para minhas músicas. Era uma noite de sábado em casa mas eu me sentia realmente bem. Tinha Lou Reed no rádio, pizza na mesa, alguns filmes para assistir e algumas latas de cerveja na geladeira. Também tinha uns três cigarros que haviam sobrado da noite passado. Eu não costumava fumar, mas na última noite da sexta para o sábado resolvi comprar um maço e fumei quase inteiro.
Então fiquei um tempo ali no meu quarto ouvindo a música e tomando as latas de cerveja. O “Sally can’t Dance” do Lou Reed soava muito bem. Eram uns momentos assim em que você percebia que o cara era um gênio. Depois ouvi algumas faixas do “Berlin” e parte do “December’s Children” dos Stones. Acabei com as cervejas e com os cigarros também.
Assisti um dos filmes e não gostei. Não gostava muito de filmes e dificilmente saberia responder se me perguntassem qual era o meu favorito. Todo esse lance de cinema também não era comigo. Geralmente não gostava dos finais, eles geralmente estragavam todo o resto do filme por melhor que fosse, salvo algumas raras exceções. Raríssimas aliás.
Voltei pro meu quarto. Já passavam das cinco da manhã. Li um pouco do “Notas de um velho safado” do Bukowski e fui dormir.

Sunday, July 15, 2007

Que a vida comece

Eu quero que esses anos passem logo. Que essa adolescência vá embora e leve com ela todos esses problemas ridículos e todas essas preocupações desgraçadas.
Ninguém se importa com você, ninguém jamais vai se importar com você fora você mesmo, e ai é a parte difícil. Eu não consigo dar a mínima pra mim. Eu não ligo para o que vai me acontecer no futuro, por isso eu quero que esses anos vão embora o quanto antes.
Então os leve daqui e me deixe em paz, eu vou ficar bem, eu vou ficar bem, eu não vou ficar bem.
Mas isso também não é da sua conta, nem mesmo da minha. Eu estou caído por ai, não tente me levantar, eu agradeço sua boa vontade, mas eu preciso fazer isso sozinho.
Eu preciso que isso acabe, que tudo acabe, que algo acabe, que algo comece, que a vida comece.

Thursday, July 12, 2007

Nas sombras

Queria ter algo pra me orgulhar, ou algo pra lutar, ou alguma força de vontade pra correr atrás das coisas e depois me sentir alguém importante e feliz por ter feito algo. Mas tudo sempre fica na mesma. Eu vou ficar sempre aqui sem fazer nada e as coisas vão continuar desanimadas e sem graça como sempre foram e como provavelmente sempre vão ser.
Eu vou de mal a pior, e quando eu falo isso não é da boca pra fora. Eu sempre tive esse espírito de decadência e sempre achei que nada fosse dar certo. Sou um pessimista convicto de que nada vai mudar, mas no fundo minha alma grita para que algo mude e me faça ter vontade de viver, para que algo me anime e me faça ser alguém, para que algo me deixe realmente feliz e que eu tenha motivos para caminhar por ai com um sorriso nos lábios.
Cansei de viver nas sombras, mas não tenho coragem de procurar a luz.