Estou andando pela avenida Paulista enquanto uma chuva rala cai sobre a cidade de São Paulo e centenas de pessoas passam sobre mim com seus guarda-chuvas e olhando mais de cima com a cabeça empinada posso ver centenas de guarda-chuvas se movendo em todas as direções com pessoas anônimas debaixo deles. São Paulo fica boniota quando chove. São Paulo fica caótica quando chove.
Atravesso um quarteirão da Paulista cantando It's cold outside dos (esqueci o nome da banda agora) mas penso na versão do Stiv Bators que me agrada mais.
Desço a esquerda na Joaquim Eugênio de Lima e tenho vontade de acender um cigarro, mas não o faço pois seria inútil acende-lo e deixar que a chuva o apague e o estrague logo depois. Na quadra de baixo um rapaz passa a minha frente correndo para não se molhar. Eu ando com calma e sinto a chuva fria me molhar aos poucos. Na quadra seguinte pego à esquerda novamente e estou na alameda Ribeirão Preto. A chuva aumenta e mudo meu repertório para La la la lies do The Who.
Vejo o rapaz de duas quadras atrás ainda correndo. Entro na segunda à direita e também arrisco aumentar a velocidade. Logo estou correndo e saltando tentando sincronizar o ritmo dos passos com La la la lies que ainda toca na minha cabeça.
Chego à casa simples que é a pensão onde moro desde os últimos três dias e onde devo morar por tempo indeterminado. A senhoria esta na porta e com um sorriso pergunta se vim correndo. Ela me acompanha até meu quarto, que fica no andar de baixo da casa. Chegamos ao quarto número 12, saco a chave e abro a porta. O quarto esta uma bagunça como sempre foi em todos os quartos qeu tive. Pago o que devo a ela e me seco com a toalha de banho. Abro o caderno e começo a escrever. Não gosto de escrever a mão. Trovões e o barulho da chuva lá fora. Acendo um cigarro e termino.
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