Monday, August 20, 2007

Voltando da aula.

Saí da aula e desci até a avenida leste-oeste onde passei por um travesti que fazia ponto na esquina esperando algum cliente para aquela noite. Andei até o ponto de ônibus e parei enquanto esperava. Um casal que fazia cursinho comigo estavam se beijando por ali. Tive inveja daquilo, pareciam muito felizes.
Tinha que voltar de ônibus porque o carro de minha mãe estava no conserto. Não gostava de andar de ônibus. Não me importava caminhar mas pegar o ônibus era algo realmente estressante, principalmente porque o ônibus que vinha até minha casa demorava muito tempo para chegar. Pelo menos hoje eu tinha o livro do maravilhoso Fante para me distrair.
Cheguei ao terminal e fiquei esperando enquanto lia os capítulos de “O caminho de Los Angeles”. O ônibus que ia para meu bairro antes passava em um pequeno terminal e havia outro ônibus que ia direto a este terminal, e a maioria das pessoas estava pegando esse. Resolvi que seria melhor também pegá-lo e ficar esperando meu ônibus lá no pequeno terminal. Talvez ele chegasse mais rápido. Então subi e fui e quando cheguei estava fazendo um frio suficiente para fazer meus braços descobertos se arrepiarem e me fazer torcer para o ônibus chegar o quanto antes, enquanto lia página atrás de página do livro que era realmente muito bom e tentava aquecer os braços esfregando as mãos neles.
Olhei para as pessoas em volta. A maioria delas estava bem agasalhada. Outros nem tanto. Deviam provavelmente ter trabalhado o dia todo e deviam estar exaustos para chegar em sua casa e dormir o sono dos justos. Um senhor de cadeira de rodas estava acompanhado por uma senhora, talvez sua esposa ou irmã. O ônibus deles chegou e era um dos ônibus mais antigos que não tinha o pequeno elevador responsável por facilitar a vida dos deficientes e ele teve que se virar e subir com uma bengala e a ajuda de um outro homem que foi segurando e guiando o senhor da cadeira de rodas enquanto suas pernas tremiam numa frustrada tentativa do corpo de conseguir o equilíbrio. A mulher trazia a cadeira de rodas atrás e logo ele se instalou sentado em um dos bancos e o ônibus partiu.
Continuei lendo meu livro e morrendo de frio. Meu ônibus felizmente chegou e andou todos os pontos até o de minha casa. Uma moça meio gorda que também desceria ali ia apertar o botão que apitava e avisava ao motorista mas eu já estava com a mão para o alto e ela percebeu isso e me deixou puxar a corda que ficava no alto. Piiii! O sinal tocou e o ônibus parou no ponto que ficava duas quadras acima de minha casa. Eu e a moça gorda descemos e tomamos direções opostas, eu descendo e ela subindo. Pensei em Fante no pequeno caminho. Pensei em como ele escreveria nos dias atuais e em como eu faria isso.
Cheguei em casa e fui até a cozinha. No fogão haviam pedaços de frango empanados, arroz e salada de cenoura. Subi até o quarto de minha mãe e ela já estava deitada para dormir. Me falou que havia comida lá embaixo e lhe dei um beijo de boa noite. Fui até meu quarto e escrevi um pouco antes de ir comer.

Tuesday, August 14, 2007

Uma grande merda de programa

Fui com a minha mãe no dentista pra fazer limpeza nos dentes. Chegamos lá e aguardamos na sala de espera vendo um programa desses onde as pessoas vão resolver suas brigas e coisas do tipo. Uma mulher tinha casado com um ex-gay e a mãe dela não tinha gostado nada disso. Então eles estavam os três lá discutindo sobre o casamento da filha com o ex-gay, que mesmo que tivesse virado hetero ainda tinha o jeito de gay, principalmente pra falar.

Depois começou um quadro onde uma moça com uma voz chata narrava a história trágica que havia sido enviada por uma carta de alguma telespectadora enquanto apareciam cenas fictícias e mudas da história.
Essa era de uma moça que sempre tinha sido honesta e depois foi trabalhar na parte financeira de uma empresa e começou a roubar um monte. Um monte de lenga-lenga no meio da história. Uma grande merda de programa.

A secretária disse que o horário da consulta estava errado. Minha mãe confirmou ter marcado pra terça, mas ela disse que lá estava na quinta. Ficou um tempo nessa confusão mas como o consultório estava vazio o dentista disse que nos atenderia.

Entrei lá e sentei naquela cadeira reclinada. Ele enfiou um cano que era uma espécie de mini-aspirador na minha boca e ficava sugando tudo. Depois me deu um espelho na mão pra ficar olhando a boca e ficou passando um jato de um líquido que fazia a limpeza.
Era um negócio muito foda, ele passava o jato e o dente ficava brilhando de branco na mesma hora.

Eu fiquei lá com o espelho na mão que aos poucos foi ficando encharcado do líquido que espirrava da minha boca. Não demorou quase nada e ele terminou. Depois atendeu minha mãe enquanto eu ficava na sala de espera vendo mais um pedaço do programa de barracos. Uma grande merda de programa.

Thursday, August 02, 2007

Eu só preciso de um pouco de companhia
Ou talvez só precise ficar sozinho

Preciso andar numas ruas desconhecidas, e ver coisas diferentes
Me perder entre calçadas e sarjetas com uma garrafa de vinho

Preciso beber com pessoas que nunca vi antes
Falar sobre coisas que não fazem parte do meu mundo

Na verdade das verdades mesmo eu não sei do que preciso
E enquanto não sei de nada disso só vou vivendo por ai