Saí da loja da Claro da avenida Paulista onde estava resolvendo uns problemas da porcaria da Internet G3 que fiz a cagada de assinar e a chuva caia sobre São Paulo, como quase sempre na terra da garoa. O grande problema era que eu não tinha um guarda chuva, e apesar de minha casa ficar só a três quadras dali eu previ que chegaria ensopado. Pra minha sorte um vendedor ambulante anunciava seus guarda-chuvas logo na frente da loja.
- Quanto custa?
- O grande é 10 e o pequeno é 5.
Pedi pra ver o pequeno. Abriu o guarda chuva e o analisei por alguns instantes. Por 5 reais pode-se prever que seria dos mais vagabundos, e realmente era, mas resolvi comprar mesmo assim. Saí dali com o guarda-chuva já aberto e atravessei a avenida Paulista. No canteiro enquanto esperava o sinal fechar a chuva aumentou. O guarda-chuva vagabundo me salvava. Os carros se enfileiravam e como sempre acontece em São Paulo nos dias de chuva o trânsito da avenida Paulista sentido Consolação começava a ficar caótico. Buzinaço, carros devagar com homens de terno e gravata e mulheres de roupa social falando ao celular. Moto-boys com suas botas e capa de chuva pretos passavam achando brechas entre os carros e levando vantagem no trânsito infernal. Atravessei a rua e ao lado do Mc Donalds entrei na Joaquim Eugênio de Lima. A chuva caia e fazia estalos no pano vagabundo de meu recém comprado guarda-chuva. Olhei ao redor e vi todas as pessoas andando pra lá e pra cá com seus guarda-chuvas. Algumas de capa de chuva. Como elas sabiam que ia chover? Pareciam preparadas para algum dilúvio. É de se esperar que os paulistanos andem sempre esperando que um toró caia sobre suas cabeças a qualquer hora do dia ou da noite. As pouquíssimas pessoas que não tinham guarda-chuva se protegiam embaixo de uma banca de jornal e de uma marquise de hotel. Continuei caminhando abaixo. Na rua seguinte virei a esquerda na Alameda Ribeirão Preto. Mais alguns passos e cheguei na frente da pensão onde moro. A senhoria também estava chegando por ali com seu guarda-chuva rosa. Ela parecia sempre estar ali na frente, ou andando ali por perto, ou limpando a casa lá dentro. Era um tanto onipresente. Todos os dias em que eu saia encontrava com ela em algum lugar das redondezas. Ás vezes andava uma ou duas quadras e encontrava ela voltando pra casa ou indo pra algum outro lugar. Me cumprimentava com um sorriso e eu respondia com um – Olá Dona Santina.
Cheguei em meu quarto e sentei na cama. Acendi um cigarro e fiquei olhando para o teto e para as paredes por um tempo.
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